INFÂNCIA
OPERÁRIA E ACIDENTE DO TRABALHO EM SÃO PAULO
O texto em questão, apresenta um tema principal: a criança – abandonada, marginalizada, explorada.
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Abandonada: quando era deixada na “Roda dos Excluídos”, um local onde quem
deixava a criança não era visto por quem a recolhia e vice-versa, mantendo-se
assim oculto o passado desses excluídos. Essas crianças deixadas na roda, e
mesmo as abandonadas nos orfanatos hoje em dia, são excluídas pela família, não
por vontade da mesma, mas por necessidade, pois na maioria dos casos, os pais não
possuem condições financeiras para criá-las, sendo obrigados a abandoná-las,
com a intenção de que elas possam ter a oportunidade de uma vida melhor. No
entanto, o desejo dos pais nem sempre acontece, pois em grande parte dos casos,
os pequenos não são adotados e não conseguem ter a vida que mereciam.
·
Marginalizada, em grande parte por obra da própria sociedade, sem condições
de vida, tendo o crime como única alternativa. O futuro dessas crianças é,
muitas vezes, a FEBEM, que apesar de ter uma função muito “bonitinha” no
papel, não passa de uma prisão para menores, onde convivem juntos infratores
dos mais diversos tipos de delitos. A FEBEM que todos conhecemos atualmente não
possui uma infra-estrutura adequada para readaptar o indivíduo ao convívio
social. ao invés de educar esses menores e reintegrá-los à sociedade, a FEBEM
acaba contribuindo decisivamente para que esses jovens, ao saírem de lá,
transformem-se em verdadeiros criminosos.
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Explorada, quando se vê obrigada a trabalhar desde pequena para ajudar no
sustento da família, recebendo em troca míseros salários e tendo sua infância
e juventude totalmente roubadas.
O trabalho compromete por completo o desenvolvimento físico e emocional
das crianças, sem contar a alta incidência de acidentes no trabalho que
ocorrem com elas. Muitos desses pequenos trabalhadores não farão parte da
população economicamente ativa no futuro, pois terão sofrido algum tipo de
acidente no trabalho, ficando então inutilizados para o exercício do mesmo. Os
acidentes acabam acontecendo por imprudência da própria criança, por
descuido, distração, curiosidade e por brincadeiras entre eles, atitudes
absolutamente normais entre as crianças.
Mesmo nos dias de hoje, é comum vermos crianças trabalhando e, o que é
pior, em locais de perigo como olarias, no corte da cana, nas carvoarias,
lidando com materiais altamente prejudiciais a sua saúde. Estas crianças são
exploradas em uma idade em que deveriam estar indo para a escola. As pessoas que
utilizam a mão-de-obra infantil, valem-se muitas vezes da miséria absoluta em
que vivem as famílias desses pequenos, pois por menor que seja a quantia ganha
por eles, já contribui no orçamento familiar.
Esse problema não será resolvido com as medidas tomadas atualmente para
trazer as crianças de volta para a escola, porque, para que isso aconteça,
faz-se necessário que os pais tenham trabalho e salários decentes, para que não
seja preciso haver contribuição da criança na renda familiar.
Além de todos os pontos colocados, existe um outro problema, que é o
fato de muitos não enxergarem a criança como um todo, mas apenas como uma
parte, ou seja, a criança é idealizada, tendo-se como modelo as crianças de
classe média e alta, sendo utilizados os seus padrões de comportamento,
vocabulário e vestuário como referência para todas crianças. Isto consiste
num erro, pois são levados em consideração somente os comportamentos e
necessidades de uma minoria, esquecendo-se que as crianças têm condições de
vida, escolarização e trabalho diferentes umas das outras. Além dos menores
das classes média e alta, existem também aqueles que vivem pelas ruas, aqueles
que desde cedo precisam trabalhar e não têm condições de freqüentar a
escola.
O que deve ser entendido é que não se pode estabelecer um conceito de
infância, porque as crianças não são iguais. Deve ser levado em conta o
contexto histórico e a classe social em que a criança está inserida, pois
isso exerce grande influência na vida dela.
E, acima de tudo, deve ser dado a criança o seu direito de ser criança.